Estamos tristes,
mas pomos um sorriso nos lábios, conversamos, rimos, relacionamo-nos,
estudamos, trabalhamos, arrumamos a casa, fazemos compras.
Temos que ser
fortes, uma vez e mais outra. Mesmo que isso exija um esforço fora do comum
para não se desanimar. Mesmo que estejamos exaustos. Mesmo que por vezes nos
estejamos a sentir à beira de um precipício.
É tão idiota isto,
tão masoquista. Viramos-mos contra nós próprios.
Calamos, mas falam
as dores de cabeça constantes.
Calamos, mas fala o
fogo a arder dentro do estomago prenunciando uma gastrite.
Calamos, mas fica
a angústia, a dor no peito, o nó na garganta e a lágrima pronta a sair.
Calamos, mas fala
a insónia, as noites agitadas, os pensamentos acelerados.
Os dias sucedem-se
sem descanso, numa espécie de indefinição e incerteza do lugar que ocupamos.
Quem somos e porquê?!
Perdemos a
vontade, perdemos a voz, e aguentamos, numa ténue esperança de que um dia se
faça luz.
Mas que raio
esperamos com isto? Reconhecimento? Consideração?
Tudo coisas que
não se ensinam a ninguém… cada um por si, e talvez Deus por todos.
Há que aguentar,
há que ser forte. Mais um dia e mais outro.
Até que não haver
mais nada a dizer.
Até se atingir o
auge da dor.
Até algo em nós se
quebrar.