quarta-feira, 11 de julho de 2018

Amanhã fico triste



Por vezes somos apanhados pelas tempestades da vida. Somos sacudidos. Somos abanados. Ferimos-nos. E há feridas que cicatrizam outras ficam uma eterna chaga que se recusa a curar.

Para essas somos obrigados a desenvolver cuidados paliativos diários. Aceitar que não vai passar e que o melhor é aprendermos a viver com a dor. E acreditem conseguimos faze-lo. Podemos sempre ir mais além, somos sempre um pouco mais fortes do que sabíamos. Mesmo nos dias em que agradecíamos se a providência divina acabasse com tudo e nos desse uma trégua. E até naqueles em que pensamos que se isso não acontecer podemos nós faze-lo, mas por um qualquer motivo nos vamos agarrando à vida.

Há dias difíceis. Dias cinzentos. Dias que o cansaço parece dominar a vida. Há dias em que andar para a frente requer um esforço hercúleo.

Há dias em que precisamos conversar connosco próprios e lembrar o quanto já superamos, o quanto somos fortes, o quanto merecemos dias de sol. Aprende-se a cuidar de nós, a olhar-nos com um pouco de carinho.

E não adianta esperar que que as pessoas que nos rodeiam façam esse percurso. Há coisas que são só nossas. E muitas vezes nem se apercebem da dimensão do abismo em que se vive, nem de pormenores que são verdadeiras tacadas nas feridas.

O percurso é nosso. Esse caminho, só nós podemos trilhar. O esforço depende apenas de vontade própria. Cabe a nós diariamente deixar a tristeza para depois, por um sorriso nos lábios e abraçar a vida tal como ela é.

“Por vezes chove e faz vento. Acreditas, nessas alturas, que os alicerces que fundam a tua personalidade se abalam e tremem. Quando, na verdade, eles desabam totalmente. Não deves punir-te por isso. Simplesmente acreditar que tens que ir a uma loja comprar novos tijolos e mais cimento. E voltar a construir as bases da tua futura casa.” (Rodrigo Ferrão, escritor)