Chego a esta altura e como a maioria das pessoas faço um balanço do ano que está a finalizar. Tenho literalmente a sensação que o meu foi ano foi varrido por um furação, e que ao longo de meses estive agarrada às minhas pessoas para não ir com o vento.
Dizem que a vida dá muitas voltas, e é verdade. Mas também é verdade que nas coisas nunca acontecem como pensamos que vão acontecer. E é verdade que nem sempre conseguimos perceber os desígnios da vida.
2022, foi mais um ano horribilis na minha vida. Digo mais um porque anteriormente já tive anos assim, que me abalaram as estruturas, que me obrigaram a ir buscar forças às celulazinhas mais remotas que ainda existiam dentro de mim.
E vou-vos dizer uma grande verdade, nós sofremos o triplo quando os nossos filhos são atingidos pelos furações que a vida vai trazendo. Quando somos obrigados a admitir que não temos superpoderes para os proteger das infâmias que a vida vai trazendo. Quando damos tudo de nós e ainda assim isso não é suficiente para lhes apaziguar o sofrimento. E um pouco de nós vai morrendo com cada lágrima que eles derramam.
A vida é uma incógnita, tal como a morte. Vale pelo que fazemos dela. Pelas escolhas que fazemos. Pelas pessoas de quem nos rodeamos. Pelo amor que pomos em cada coisa que fazemos. E sem amor a vida é vazia, é apenas uma existência a fluir no tempo.
A amor é como uma tatuagem, quando existe, está lá a sua marca, não se apaga, não é temporário, não foge, nem muda. Manifesta-se! O amor está naqueles abraços que nos dão calor e impedem o coração de parar, ou nas palavras de estima que nos moldam a identidade e alimentam a autoestima nos dias mais cinzentos.
2022 foi um ano de revelações, muitas dolorosas, muitas inaceitáveis. Trouxe angústias e lágrimas, mas também muitas verdades. Transbordou aparências e fingimentos.
2022 foi um ano de crescimento, de “abre olhos”, mas também de capacitação.
Nada vai ser igual.