segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cada lugar teu


Esta é uma das músicas da Mafalda Veiga de que mais gosto.

Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei
 
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
 
Eu Vou guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
 
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
 
Eu Vou guardar cada lugar teu
Atado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Amar é arriscar


O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo.

A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortável.

Amar é dar a vida a um outro. A sua. A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.

Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos.

De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de mãos abertas. Sim... porque, ainda além de tudo o que aqui existe, há um mundo onde vivem para sempre todos os que ousaram amar...


(José Luís Nunes Martins, in Filosofias - 79 Reflexões)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Momentos felizes



Hoje em conversa com uma amiga ela contava-me que tinha perdido a totalidade de um trabalho que tinha demorado imenso tempo a fazer e que teve que refazer tudo de novo. Também me disse que se “arrepelou toda” durante uns momentos mas que depois pensou que tragédias são as coisas como as que aconteceram à Júdite Sousa com a morte inesperada do filho. E assim, pôs-se novamente a trabalhar e a 2ª versão até ficou melhor. Foi uma conversa simples, mas que de alguma forma me deixou a pensar na vida.
Ao longo da minha vida eu própria já desci ao inferno algumas vezes, já vivi tragédias, já perdi pessoas muito preciosas para mim. Mas, apesar de toda a dor, de todo o sofrimento, foi um privilégio ter tido oportunidade de as conhecer, de terem partilhado as suas vidas comigo e de terem deixado em mim partes de si que ainda hoje carrego.  
E enquanto conduzia com o automático mental ligado dei por mim a pensar que me sentia feliz numa demonstração de paz e serenidade que há muito tempo não sentia. Aquela coisa que sentimos dentro de nós, tão nossa…
Não me aconteceu nenhum milagre, os problemas não se evaporaram, o trabalho não melhorou (pelo contrario o dia hoje começou muito mal), na vida pessoal não aconteceu nada de especial e até faltaram elementos importantes, e as finanças continuam a desgraça habitual a condizer com a crise.
Mas no meio deste cenário dei por mim a pensar na sorte que tenho, e em todas as coisas boas que fazem a minha vida valer a pena. Sabem aquela sensação de termos o coração tão cheio que até nos momentos de solidão nos sentimos acompanhados e abençoados? Para mim são momentos raros, mas sem dúvida que quase mágicos.
E num atropelo de sentimentos fui-me lembrando do Pensamento de um dos meus autores preferidos, o Carlos Drummond de Andrade:
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”
 
 
Talvez tenha sido somente um momento, mas a vida é feita de momentos. E este foi na mais plena simplicidade um momento de felicidade intenso e um ataque de otimismo raro que vou registar para reler nos dias em que andar em baixo.
E vocês… Vejam as coisas boas que têm, sejam felizes!

A culpa é das estrelas


Fui ver “A Culpa é das Estrelas”, o filme baseado no romance de John Green. Claro que chorei perante a história de amor de dois jovens com doenças terminais. Mas também sorri. Aquela sensação estranha quando os sentimentos se misturam, e estamos a sorrir com as lágrimas a escaparem-se ao mesmo tempo.

E a vida é assim mesmo como retrata o filme, recheada de dramas, e problemas que nos ultrapassam, que nos fazem questionar sobre a pequenez do nosso papel no mundo. Mas a vida também é repleta de momentos que fazem a diferença, que nos fazem sentir bem, amados e felizes. Cabe a cada um de nós escolher o que valoriza mais no dia-a-dia. É impossível não pensarmos no nosso pequeno infinito, mas também não devemos deixar de pensar no que podemos fazer para que a nossa vida faça sentido.

Com um guião repleto de metáforas inteligentes, e entre tantas coisas que poderia dizer deixo-vos apenas uma das frases que achei fabulosa e uma das músicas da banda sonora que é também excelente.

"As vezes o universo quer ser notado." É nisso que eu acredito. Acredito que o universo quer ser notado. Acho que o universo é, questionavelmente, tendencioso para a consciência, que premia a inteligência em parte porque gosta que sua elegância seja observada. E quem sou eu, vivendo no meio da história, para dizer ao universo que ele, ou a minha observação dele, é temporária?




quarta-feira, 2 de julho de 2014

Regresso



Dias melhores. Dias piores.
Por vezes fugimos da realidade, quer figurativamente, quer procurando rotinas diferentes dos dias comuns das nossas vidas. Nessas fugas conseguimos de alguma maneira carregar baterias e ganhar a força que necessitamos para enfrentar outros dias, uns melhores, outros piores.

Mas devíamos vir munidos com interruptores que nos permitissem facilitar a passagem de uma realidade para outra. Que nos permitissem ligar e desligar sentimentos…

Vamos ao regresso depois de umas curtas férias, com pouca vontade, mas tem que ser.