domingo, 22 de junho de 2014

Equilíbrios



Por vezes o coração diz-nos uma coisa e a cabeça outra. As razões de um e outro são diferentes, argumentam um com o outro, mas nem sempre se conseguem conciliar. Há quem diga que devíamos pensar com o coração e sentir com a cabeça. Eu acho que ia dar ao mesmo, não faria qualquer diferença. Provavelmente o que está em causa é o que sentimos devido às coisas que pensamos. Se não conseguimos mudar o que sentimos, talvez possamos mudar a forma como pensamos. Talvez tenha tudo a ver com onde se põe o foco. E as dificuldades em mudar o foco podem ter a ver com os nossos pilares- as nossas grandes verdades pessoais. Aquelas coisas que são os alicerces das nossas crenças, das nossas atitudes, e da nossa personalidade. Por vezes mudar o foco choca de frente com os nossos pilares.
Racionalizando somos capazes de entender outras perspectivas, outros ângulos de alguma questão. Mas só as conseguimos aceitar com o coração quando estes não chocarem com os nossos pilares.
E podemos mudar os nossos pilares? Na minha opinião é como uma torre do equilíbrio. Podem-se retirar algumas peças, mas à medida que fazemos isso a torre vai ficando fragilizada, até que acaba por cair. As cedências que vamos fazendo são um pouco isto. Se não mexem com os nossos pilares tudo bem, mas se mexem, vão-nos fragilizando até que acabamos por sentir-nos em desequilíbrio. O mesmo com as atitudes que nos magoam e que vamos deixando passar.  Uma peça por si só talvez não faça grande mossa, mas no seu conjunto, tirando peça após peça tudo acaba por ruir. Assim é no jogo e assim somos nós.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O suficiente


É fácil estar com o outro nas férias, em saídas divertidas, com uma bebida fresca de verão para desanuviar. É fácil ter relações superficiais, que permitem manter distâncias higiénicas, em que não se tem que mostrar muito da própria vida e costumes. É fácil ser porreiro nas festas que surgem de vez em quando, nos fins de semana descontraídos, e nos passeios com hora marcada. É fácil ter programas com os bolsos cheios de dinheiro, com as portas a abrirem-se para que se entre em alguns locais…

Difícil é quando surgem as vírgulas, e os pontos de interrogação. Quando se está na mó de baixo e de mau humor. Difícil é optar por estar lá nos momentos de inércia em que tem que se dar um pouco mais de nós para fazer acontecer. Difícil é mostrar as nossas zonas pessoais, aquele mundo tão nosso e das pessoas que nos influenciam e nos fazem ser aquilo que somos. Difícil é contar os tostões para fazer seja o que for mas mesmo assim dar a volta com criatividade…

Impossível é viver um dia sim um dia não como se tivéssemos interruptores para ligar e desligar. Impossível é sentir confiança em relações que existem apenas quando não há nada mais interessante para se fazer. Impossível é sobreviver-se a presenças físicas com almas ausentes, num infinito onde o tudo se funde com o nada…

Porque como em tudo na vida, nas relações também é necessário encontrar-se um equilíbrio. Não se fundirem pessoas com queres diferentes numa só, mas também não deixar dúvidas sobre o lugar que o outro ocupa. E como diziam os Celtas, que nas nossas vidas haja O Suficiente

Sol suficiente para teres uma atitude radiante
Chuva suficiente para que possas apreciar mais o sol
Felicidade suficiente para que mantenhas o teu espírito alegre
Dor suficiente para que as menores alegrias na vida te pareçam muito maiores
Dinheiro suficiente para satisfazer os teus desejos materiais
Perdas suficientes para apreciares o que possuis