Há vitorias que nos deixam com sabor amargo na boca. Talvez
porque sabemos que não são genuínas.
É triste que seja um juiz a dizer a um pai que tem que pagar
pensão de alimentos, e que não seja o próprio que sinta que deve dar e o seu
contributo para o bem-estar de uma criança. E pelo bem-estar refiro-me ás
coisas fundamentais para a sua subsistência, não aos últimos gritos da
tecnologia que os miúdos tanto apreciam.
Claro que nunca deixaria que nada faltasse à minha filha, tirava
da boca para lhe dar se necessário fosse. E por meio de inumeras atribulações
inesperadas e da saúde que me faltou quando não esperava, com esforço consegui
dar a volta e manter-me à tona da água. No meio do desgosto ajudaram as inúmeras
palavras de apoio de conhecidos e desconhecidos que se inteiravam do assunto.
O sabor amargo deve-se à certeza de que ocorreu um pagamento
forçado e não de livre iniciativa… E sei que voltará a acontecer vezes e vezes
sem conta se não tiver um travão definitivo da justiça. Há pessoas assim, não
são capazes de abdicar dos prazeres mundanos que a vida oferece, mesmo que isso
signifique que atrapalham a vida dos outros com as suas escolhas. E todos
sabemos que as verdadeiras mudanças têm que vir de dentro, só assim não deixam
sabor a fel.
Perdoem-me o desabafo. A tristeza das palavras que acabaram de
ler. Mas infelizmente esta é a realidade de milhares de pessoas, e não tinha
ideia de quantas passavam por situações destas até começar a ouvir as histórias,
umas atrás das outras em que o cenário se repete.
Para todas as que passam por estes tormentos deixo um desejo-
haja justiça!