sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Vitória com sabor a fel


Há vitorias que nos deixam com sabor amargo na boca. Talvez porque sabemos que não são genuínas.

É triste que seja um juiz a dizer a um pai que tem que pagar pensão de alimentos, e que não seja o próprio que sinta que deve dar e o seu contributo para o bem-estar de uma criança. E pelo bem-estar refiro-me ás coisas fundamentais para a sua subsistência, não aos últimos gritos da tecnologia que os miúdos tanto apreciam.

Claro que nunca deixaria que nada faltasse à minha filha, tirava da boca para lhe dar se necessário fosse. E por meio de inumeras atribulações inesperadas e da saúde que me faltou quando não esperava, com esforço consegui dar a volta e manter-me à tona da água. No meio do desgosto ajudaram as inúmeras palavras de apoio de conhecidos e desconhecidos que se inteiravam do assunto.

O sabor amargo deve-se à certeza de que ocorreu um pagamento forçado e não de livre iniciativa… E sei que voltará a acontecer vezes e vezes sem conta se não tiver um travão definitivo da justiça. Há pessoas assim, não são capazes de abdicar dos prazeres mundanos que a vida oferece, mesmo que isso signifique que atrapalham a vida dos outros com as suas escolhas. E todos sabemos que as verdadeiras mudanças têm que vir de dentro, só assim não deixam sabor a fel.

Perdoem-me o desabafo. A tristeza das palavras que acabaram de ler. Mas infelizmente esta é a realidade de milhares de pessoas, e não tinha ideia de quantas passavam por situações destas até começar a ouvir as histórias, umas atrás das outras em que o cenário se repete.

Para todas as que passam por estes tormentos deixo um desejo- haja justiça! 

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