Que a vida dá muitas voltas, toda a gente sabe. Ninguém caminha
em vida reta, e muitas vezes percorre-se um longo caminho para chegar de um
ponto ao outro. Que significados têm essas voltas, para onde nos levam ou até
que ponto definem o nosso destino é algo com que sempre me questionei.
Vivo rodeada de pessoas com estórias de vida incríveis, que
mudam rumos por imposição das condições com que se confrontam. Seja porque
perderam o emprego e de repente começam a dar asas a uma vocação que tinham
adormecida, seja porque se confrontam com uma doença que as impede de continuar
a fazer as coisas que sempre fizeram, seja porque a relação em que investiram acabou
por se revelar um fiasco. Os exemplos são muitos e as estórias são tantas que
já nem consigo enumerar todas.
Talvez a diferença esteja naquilo que cada um faz com aquilo que
a vida vai trazendo. Com as coisas boas todos lidam mais ou menos confortavelmente,
mas qual carrossel a vida umas vezes está em cima outras está em baixo, e todos
acabam por se deparar com problemas e dificuldades mais ou menos graves. É aqui
reside o nosso maior desafio- saber dar a volta, não nos afundarmos em tristezas
e amarguras e sempre que possível encontrarmos soluções e alternativas.
Admiro imenso as pessoas que encontram novos rumos, que
descobrem novos talentos e definem novos objetivos. São estas que nos vão dando
exemplos de coragem e muitas vezes grandes contributos para o nosso
crescimento.
Não consigo deixar de pensar que se não tivessem passado pelas
experiências negativas que passaram, não seriam hoje as pessoas que são, e que
dão um contributo tão importante para quem as rodeia. Conheci uma pessoa que
tem uma doença que a fez desistir da profissão que tinha escolhido e que abraçou
um novo rumo ligado à escrita. As suas obras de ajudam a sensibilizar para as
dificuldades sentidas por inúmeras pessoas que sofrem da mesma doença mas
também ensinam a todos, mesmo às pessoas saudáveis, estratégias que ajudam a
enfrentar dificuldades e a melhorar as nossas potencialidades individuais. Teríamos
a possibilidade de ler estas obras sem a doença de que padece? Não sei, tenho
dúvidas, tantas dúvidas… mas provavelmente não.
Não estou de todo a elogiar o sofrimento. Apenas me questiono do
Porquê? e do Para
quê? das voltas que a vida dá. E no fundo, bem lá no fundo tenho a esperança
que as coisas más com que somos obrigados a confrontar-nos sirvam pelo menos
para nos fazer crescer na nossa humanidade.
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