quarta-feira, 15 de julho de 2015

As voltas que a vida dá


Que a vida dá muitas voltas, toda a gente sabe. Ninguém caminha em vida reta, e muitas vezes percorre-se um longo caminho para chegar de um ponto ao outro. Que significados têm essas voltas, para onde nos levam ou até que ponto definem o nosso destino é algo com que sempre me questionei.

Vivo rodeada de pessoas com estórias de vida incríveis, que mudam rumos por imposição das condições com que se confrontam. Seja porque perderam o emprego e de repente começam a dar asas a uma vocação que tinham adormecida, seja porque se confrontam com uma doença que as impede de continuar a fazer as coisas que sempre fizeram, seja porque a relação em que investiram acabou por se revelar um fiasco. Os exemplos são muitos e as estórias são tantas que já nem consigo enumerar todas. 

Talvez a diferença esteja naquilo que cada um faz com aquilo que a vida vai trazendo. Com as coisas boas todos lidam mais ou menos confortavelmente, mas qual carrossel a vida umas vezes está em cima outras está em baixo, e todos acabam por se deparar com problemas e dificuldades mais ou menos graves. É aqui reside o nosso maior desafio- saber dar a volta, não nos afundarmos em tristezas e amarguras e sempre que possível encontrarmos soluções e alternativas.

Admiro imenso as pessoas que encontram novos rumos, que descobrem novos talentos e definem novos objetivos. São estas que nos vão dando exemplos de coragem e muitas vezes grandes contributos para o nosso crescimento.

Não consigo deixar de pensar que se não tivessem passado pelas experiências negativas que passaram, não seriam hoje as pessoas que são, e que dão um contributo tão importante para quem as rodeia. Conheci uma pessoa que tem uma doença que a fez desistir da profissão que tinha escolhido e que abraçou um novo rumo ligado à escrita. As suas obras de ajudam a sensibilizar para as dificuldades sentidas por inúmeras pessoas que sofrem da mesma doença mas também ensinam a todos, mesmo às pessoas saudáveis, estratégias que ajudam a enfrentar dificuldades e a melhorar as nossas potencialidades individuais. Teríamos a possibilidade de ler estas obras sem a doença de que padece? Não sei, tenho dúvidas, tantas dúvidas… mas provavelmente não.

Não estou de todo a elogiar o sofrimento. Apenas me questiono do Porquê?   e  do Para quê? das voltas que a vida dá. E no fundo, bem lá no fundo tenho a esperança que as coisas más com que somos obrigados a confrontar-nos sirvam pelo menos para nos fazer crescer na nossa humanidade. 

Sem comentários:

Enviar um comentário