Tinha as palavras
entaladas na garganta, sufocadas por uma dor silenciosa que se recusava a
escorrer pelos olhos. A vida dá imensas voltas mas nunca aquelas que nós queremos,
pensava. E quando se tem o coração nas mãos, não uni-las é morte anunciada.
Agradecia ao tempo e à idade terem-lhe oferecido a serenidade de enfrentar o
mundo sem se esvair na loucura das histórias recheadas de valores invertidos ou
pormenores ausentes.
E como se partilha
o inexistente? Não se consegue, certo?!Mas é-se o que se é, não o que se quer ser, ou o que nos pedem para ser.
Sentiu novamente uma dor miudinha a espremer-lhe das entranhas a angustia e o medo e sorriu com a determinação de quem caminha num rumo indefinido, sem nome ou lugar assumido. Porque a vida é demasiado para se perder.
Seguiu.
Sem rótulo.
Sem comentários:
Enviar um comentário