Outro dia desloquei-me a uma unidade
de educação onde trabalhou uma senhora que têm já 60 anos. Para proteger a sua
identidade vou chamar-lhe Maria.
A Maria, senhora idónea, com uma vida estável,
e uma reputação impecável de repente deixou de trabalhar na unidade de
educação, deixando todos surpreendidos com a sua decisão. Eu pessoalmente já me
tinha questionado sobre o que teria acontecido à D. Maria e até receava pela
sua saúde, mas só recentemente conheci a sua estória:
Disseram-me “A Maria apaixonou-se, e
mudou de vida!”
Por manobras do destino encontro o
seu primeiro namorado numa ida a um Centro Comercial. Entre a surpresa do
reencontro e a vontade de saber o que a vida lhes reservara nos anos em que
estiveram afastados, foram trocando contatos.
João, que nunca superou a perda de
Maria que aos 20 anos decidira casar com outro, viveu várias relações superficiais mas
nunca constituiu família, e acabou por emigrar para a Suécia.
Por sua vez o marido de Maria sempre a tratou
com muito respeito, mas que considerava que os pequenos pormenores que
alimentam uma relação eram mariquices desnecessárias. Tinham uma vida estável,
um filho já adulto que entretanto casara e saíra de casa deixando aos pais a difícil
tarefa de preencher o vazio da sua ausência.
Agora que reencontrara Maria, João foi
aparecendo acompanhado dos miminhos que se vira privado de oferecer à sua amada
durante anos. Um dia levava-lhe uma flor, noutro um chocolate, noutro um poema,
e não se esquecia de lhe dizer o quanto ela era linda mesmo no seu corpo já
castigado pela idade.
Maria, no vazio da sua vida certinha
e acomodada, sentiu-se primeiro surpreendida, depois envolvida e acabou
apaixonada. Aos 60 anos deixou o marido, escreveu ao filho abrindo o coração
acompanhou João para a Suécia determinada a viver o amor que o destino lhe pôs pela
segunda vez no caminho. Ao que parece está feliz como nunca a viram nos largos
anos em que a conheceram.
A Eugénia que relatou a sorte da
Maria, afirmava convictamente que homens como o João que sabem olhar para os
pormenores há poucos. Dizia que uma flor, só a recebia nos anos, e chocolates
então arrancavam invariavelmente do companheiro o comentário “lá estás a
investir para manter o corpinho gordo”. Senti-lhe na voz emocionada uma certa
inveja por não estar a viver uma história de amor como a Maria.
Hoje lembrei-me da Maria, talvez por
ter estado a conversar com uma amiga sobre a importância dos pormenores numa
relação. Ambas concordamos que no dia-a-dia, são as pequenas coisas que fazem a
diferença. Uma atenção inesperada, uma música dedicada, um telefonema só para
lembrar o quanto o outro é importante. E pelo oposto, é a ausência desses
pormenores que tira à relação a qualidade e entrega emocional entre os pares.
De facto, há uma enorme diferença entre
dizer a alguém que se ama e demonstrar isso, fazer a outra pessoa sentir-se querida,
amada, desejada...
Vale a pena pensar nisso!
bela história. Por acaso, conheço outra história comovente de um casal amigo em que também houve um reencontro - vinte anos depois - e, adivinha, estão muito felizes agora! As voltas que a vida (ou amor?) dá!...
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