quinta-feira, 20 de março de 2014

Pequenos nadas


Uma relação são pequenos nadas. São aquelas coisas, que até parecem ser birras e insignificâncias, mas que suportam os dias de um amor. É que um amor é difícil de manter! Dá trabalho, todos os dias. Mas os nadas do dia não podem ser um esforço. Têm de ser porque apetece. Espontâneos, porque se sente a falta.

Os nadas são um beijo que apetece quando não dá jeito. São um telefonema que se recebe a meio de um dia difícil, só para nos perguntarem se almoçámos. São quilómetros que se fazem porque o corpo precisa de um abraço. São horas que não se dormem porque temos de contar pela enésima vez aquilo que nos chateou. São um "amo-te" sem razão. Um beijo na testa quando nos cruzamos no corredor. São um apetece-me-qualquer-coisa-mas-vais-tu-ali-buscar-que-agora-estou-aqui-tão-bem. São uma carícia quando menos esperamos. Um beijo pela manhã quando ainda estamos despenteados e ensonados. São um olhar diferente no meio do supermercado. São silêncios confortáveis. São cumplicidades que ao mundo não interessa.

E são tudo isto ao contrário também. Reciprocamente. Não porque é uma troca, mas apenas porque nos sentimos bem.

De nada valem grandes actos. Grandes promessas. Muitos abraços-fofinhos-e-amo-te-muito-minha-paixão-e-vamos-mostrar-ao-mundo-que-somos-felizes.

Uma relação é feita de pequenos nadas. Que são tudo.

 (Rita Leston)

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