É fácil estar com o outro nas férias, em saídas divertidas, com
uma bebida fresca de verão para desanuviar. É fácil ter relações superficiais, que
permitem manter distâncias higiénicas, em que não se tem que mostrar muito da própria
vida e costumes. É fácil ser porreiro nas festas que surgem de vez em quando,
nos fins de semana descontraídos, e nos passeios com hora marcada. É fácil ter
programas com os bolsos cheios de dinheiro, com as portas a abrirem-se para que
se entre em alguns locais…
Difícil é quando surgem as vírgulas, e os pontos de
interrogação. Quando se está na mó de baixo e de mau humor. Difícil é optar por
estar lá nos momentos de inércia em que tem que se dar um pouco mais de nós para
fazer acontecer. Difícil é mostrar as nossas zonas pessoais, aquele mundo tão
nosso e das pessoas que nos influenciam e nos fazem ser aquilo que somos. Difícil
é contar os tostões para fazer seja o que for mas mesmo assim dar a volta com
criatividade…
Impossível é viver um dia sim um dia não como se tivéssemos interruptores
para ligar e desligar. Impossível é sentir confiança em relações que
existem apenas quando não há nada mais interessante para se fazer. Impossível é
sobreviver-se a presenças físicas com almas ausentes, num infinito onde o tudo
se funde com o nada…
Porque como em tudo na vida, nas relações também é necessário
encontrar-se um equilíbrio. Não se fundirem pessoas com queres diferentes
numa só, mas também não deixar dúvidas sobre o lugar que o outro ocupa. E como diziam os
Celtas, que nas nossas vidas haja O Suficiente…
Sol suficiente
para teres uma atitude radiante
Chuva
suficiente para que possas apreciar mais o sol
Felicidade suficiente
para que mantenhas o teu espírito alegre
Dor suficiente
para que as menores alegrias na vida te pareçam muito maiores
Dinheiro
suficiente para satisfazer os teus desejos materiais
Perdas suficientes
para apreciares o que possuis
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