segunda-feira, 12 de maio de 2014

Porquê, porque é que isso aconteceu?


Hoje seria o 38º aniversário do meu irmão, que morreu aos 19 anos com cancro. Não houve nada a fazer, num ápice passou de um jovem cheio de vida e que um monte de projetos pela frente a um final trágico. Prometi a mim mesma que um dia ia escrever “a sério” sobre isto, mas é um assunto intenso e doloroso por isso hoje fica só um pequeno desabafo.  
Como é lidar com a morte/perda de alguém que nos é próximo?
Eu acho que não se vive anos sem a pessoa que perdemos. Vive-se um dia de cada vez, semana após semana, mês após mês, e quando damos conta já passaram anos. O tempo passa por nós acreditem.
E talvez isto seja uma postura muito pessoal, mas acho que é comum a muita gente que passa por este tipo de perdas- Acho que as pessoa(s) que nos deixaram  não deixam de fazer parte das nossas vidas. Claro que nas coisas práticas do dia-a-dia sim, mas de alguma forma estão lá, como se tivessem feito uma longa viagem. Não estão connosco mas estão algures. E não nos saem da memória nos dias especial, como Natal, Páscoa, etc. Mais uma vez, é como se estivessem algures noutro lugar, mas sempre presentes no coração. Eu não consigo encaixar a ideia de perda definitiva, como um fim de tudo. E em última instância valem-me sempre os pensamentos de que existimos enquanto estivermos na memória e no coração das pessoas cujas vidas de alguma forma tocamos.
 
 
Sobreviver ao depois é uma questão de decisão entre fazermos alguma coisa da nossa vida e apenas seguir em frente ou deixar-nos afundar pelo desgosto. Eu acho que ajuda muito pensar no que a pessoa que perdemos gostaria que fizéssemos. Eu decidi fazer algo da minha vida que acho que o faria ter orgulho. É pena que não haja telefones que o contactem para podermos trocar impressões :)
E a verdade é que nunca deixa de doer, nunca deixamos de nos perguntar Porquê sabendo de antemão que não teremos resposta. Porquê, porque é que isso aconteceu?

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