Hoje seria o 38º aniversário do meu irmão, que morreu aos 19 anos
com cancro. Não houve nada a fazer, num ápice passou de um jovem cheio de vida
e que um monte de projetos pela frente a um final trágico. Prometi a mim mesma
que um dia ia escrever “a sério” sobre isto, mas é um assunto intenso e
doloroso por isso hoje fica só um pequeno desabafo.
Como é lidar com a morte/perda de alguém que nos é próximo?
Eu acho que não se vive anos sem a pessoa que perdemos. Vive-se um
dia de cada vez, semana após semana, mês após mês, e quando damos conta já
passaram anos. O tempo passa por nós acreditem.
E talvez isto seja uma postura muito pessoal, mas acho que é
comum a muita gente que passa por este tipo de perdas- Acho que as pessoa(s) que
nos deixaram não deixam de fazer parte
das nossas vidas. Claro que nas coisas práticas do dia-a-dia sim, mas de alguma
forma estão lá, como se tivessem feito uma longa viagem. Não estão connosco mas
estão algures. E não nos saem da memória nos dias especial, como Natal, Páscoa,
etc. Mais uma vez, é como se estivessem algures noutro lugar, mas sempre
presentes no coração. Eu não consigo encaixar a ideia de perda definitiva, como
um fim de tudo. E em última instância valem-me sempre os pensamentos de que
existimos enquanto estivermos na memória e no coração das pessoas cujas vidas
de alguma forma tocamos.
Sobreviver ao depois é uma questão de decisão entre fazermos
alguma coisa da nossa vida e apenas seguir em frente ou deixar-nos afundar pelo
desgosto. Eu acho que ajuda muito pensar no que a pessoa que perdemos gostaria
que fizéssemos. Eu decidi fazer algo da minha vida que acho que o faria ter
orgulho. É pena que não haja telefones que o contactem para podermos trocar
impressões :)
E a verdade é que nunca deixa de doer, nunca deixamos de nos
perguntar Porquê sabendo de antemão que não teremos resposta. Porquê, porque é
que isso aconteceu?
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