O tempo é algo estranho.
Quando era miúda nunca mais chegava a crescida! Olhava para
as pessoas com 35/40 anos e pensava “coitadinhos, tão velhos!”.
Depois fui passando pelo tempo e o tempo por mim. E percebi
que a velocidade com que passava dependia de como me sentia feliz, triste,
ansiosa ou qualquer outro sentimento que definisse o meu humor.
Ainda hoje penso “ainda falta um ano para algo acontecer”,
como se esse algo estivesse a anos-luz. Mas também olho para trás e penso que
poderia ter viajado numa máquina do tempo, porque cheguei aqui num ápice.
Quando olho para a minha filha, relembro os tempos que lhe
dava colo e ela cabia aninhada nos meus braços, num encaixe perfeito como se
fossemos legos do mesmo material. Hoje, já quase uma mulher, vejo nela um
espelho daquilo que um dia fui, e não posso deixar de me intrigar como, sendo
diferentes, somos tão parecidas. Um outro tempo, mas no mesmo comprimento de
onda!
Não sei quanto tempo me resta, como aliás ninguém sabe. Mas
se chegar velhinha, o meu desejo é de não perder a alma de menina e a
capacidade de me surpreender com aquilo que o tempo me dá.
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