sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.


(Pablo Neruda)

Somewhere over the rainbow

Oh someday I'll wish upon a star
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney tops
That's where you'll find me

Oh somewhere over the rainbow
way up high
and the dreams that you dare to
Why, oh why can't I, I?


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Papa


Hoje o Papa Francisco faz 78 anos.

Este é o homem simples que me tem tocado o coração com as suas mensagens, muitas delas contrárias às dos seus antecessores, mas também muito mais realistas e adaptadas à realidade dos nossos dias.

Um Grande Homem cujas ações e palavras são em prol da paz e do bem-estar do ser humano.

O cão preto


A depressão é talvez uma das doenças mais perigosas da atualidade. Há um grande número de pessoas deprimidas, sem que ninguém se aperceba. Por vezes continua-se a ter uma vida normal, profissionalmente ativa, enquanto a doença vai minando os alicerces da alma. Muitas vezes só numa fase muito profunda as pessoas deixam de conseguir realizar as suas tarefas habituais. E nesta fase, onde só restam pedaços quebrados de gente, só se quer acabar com o sofrimento… Diariamente surgem notícias sobre suicídios, e o aumento exponencial dos mesmos. Vale a pena refletir no que se passa na sociedade e estar atentos a quem está ao nosso redor. Quem se suicida não quer acabar com a vida, quer acabar com o sofrimento. 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

The spirit of love


Este é um anúncio que tem inundado os meios de comunicação social este ano. Não resisto a partilha-lo aqui, e acho que percebem porquê  :)

Quase Natal



Estamos quase no Natal. Uma época de reflexão que ocorre sempre antes do fim do ano. Há quem diga que o Natal é quando um homem quer, e há quem diga que o Natal deveria ser o ano todo e não se limitar a estes poucos dias de Dezembro. Concordo com tudo isto. Mas como acontece com um grande número de pessoas nesta época ganho lupas nos olhos e amplificadores nos ouvidos. Tudo é maior, tudo é mais importante, tudo sensibiliza.

Natal também é viver com o coração, sorrir por nada e derramar lágrimas sem razão. É pôr em cada detalhe um pouco de nós, doar-nos como nunca, e valorizar quem está connosco nos bons e maus momentos.

Não é possível passar esta época sem nos lembrarmos das pessoas que marcaram a nossa existência e já não estão connosco. Porque Natal é acima de tudo amor, e este dura para além desta breve existência que conhecemos.

E há um lado alegre e mágico que não conseguimos ignorar. As luzes das ruas e montras, as casas decoradas, a árvore a cintilar, os sorrisos das crianças, as cartas ao Pai Natal e os ambicionados presentes. É sem dúvida uma época de consumo, mas um consumo orientado pelo carinho que temos à pessoa que vai receber o presente. E claro que os presentes mais significativos são aqueles sem preço- uma carta, uma história, uma música, e os beijos lambuzados que nos envolvem de ternura. Tudo coisas que até uma criança na sua simplicidade pode oferecer.

Há quem tenha tudo isto e há quem nem um cobertor quente possua para resguardar do frio das estrelas. Há quem tenha família e amigos e há quem esteja só no mundo. E para estes últimos talvez Natal seja apenas uma sopa quente pelas mãos de uma alma caridosa.

E contudo o Natal é uma celebração do nascimento de um homem que quis que fossemos todos irmãos, que nos ajudássemos uns aos outros e que dizem que morreu por um mundo melhor. Nesta sociedade tão egoísta e desigual, talvez o  seja o momento para refletir no que andamos todos a fazer. E se não podermos melhorar o mundo, talvez pudéssemos melhorar pequenas coisas que somadas alargariam o Natal para além de Dezembro.



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Fluir

Às vezes o nosso mundo ultrapassa-nos. Somos engolidos pelas dificuldades do dia-a-dia, pelas incompreensões de quem nos rodeia e pelas injustiças que se cometem em nome de caprichos pessoais.

Gostaria de um dia poder dizer que a vida é linda, absolutamente mágica e infinitamente feliz.

Mas diariamente há doses de coisas boas e coisas más. No meio das tempestades aparecem portos de abrigo, infinitamente reconfortantes. Assim, como no meio das alegrias aparecem lampejos de infelicidades aos quais não se fica alheia.

A vida é isto mesmo, uma sucessão de momentos, maiores, menores e infinitos no tempo em que duram. Mas Tudo passa. Absolutamente tudo. Seja o que for que se está a viver. Nada, absolutamente nada na vida é definitivo.

Às vezes viver é ficar sossegada, à espera que o momento passe, deixar fluir e acreditar fim tudo irá fazer sentido. 

Pegadas na areia


Uma noite eu tive um sonho.
Sonhei que estava a andar na praia com o Senhor
e através do Céu passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados
dois pares de pegadas na areia;
Um era meu e o outro do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou
Diante de nós, olhei para trás, para as pegadas
Na areia e notei que muitas vezes, no caminho da
Minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também, que isso aconteceu nos momentos
Mais difíceis e angustiosos do meu viver.
Isso entristeceu-me deveras,
e perguntei então ao Senhor.
"- Senhor, Tu disseste-me que, uma vez
que eu te resolvi seguir, Tu andarias sempre
comigo, todo o caminho, mas notei que
durante as maiores atribulações do meu viver
havia na areia dos caminhos da vida,
apenas um par de pegadas. Não compreendo
porque nas horas que mais necessitava de Ti,
me deixastes."
O Senhor respondeu-me:
"- Meu precioso filho. Eu te amo e
jamais te deixaria nas horas da tua prova
e do teu sofrimento.
Quando vistes na areia, apenas um par
de pegadas, foi exatamente aí que EU,
nos braços...Te carreguei."


(Autor desconhecido)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Recomeço


Home sweet home


Gosto de abraços calorosos sem tempo definido, qual porto de abrigo que nos resguarda do mundo
Gosto dos miados da gata a contar as suas desventuras diárias e dos mergulhos aos meus pés para recolher a sua dose de festas

Gosto do cheiro dos cozinhados, do tilintar dos tachos e da magia dos condimentos.

Gosto do calor do forno e do aroma do bolo de chocolate a flutuar pelo ar
Gosto das gargalhadas e dos beijos lambuzados que só os filhos sabem distribuir

Gosto dos brinquedos desmaiados pelo cansaço do uso que tiveram, dos jogos de tabuleiro que nos arrebatam em noites de competição e dos desafios e ainda estão por resolver
Gosto de música, sempre de música, em diferentes volumes e em diferentes ritmos para acompanhar o ânimo do momento

Gosto de saltar e pular como se não houvesse amanhã e o reumático estivesse a anos-luz de se revelar
Gosto de velas, de todos os tamanhos e todas as cores, do tremeluzir da chama e do brilho que dão aos olhares

Gosto de estar á lareira, do crepitar das chamas, e do cheiro da madeira com um chá e um livro por companhia
Gosto do espelho embaciado pelo uso do duche, do cheiro do gel que banho que nos desnudou dos cansaços do dia e do tilintar da escova de dentes a bater no copo

Gosto dos lençóis lavados e engomados acabadinhos colocar na cama cheia de almofadas num convite ao descanso
Tudo pormenores. Tudo pequenas grandes coisas. Mas são estas que transformam uma casa num lar. E disso eu gosto mesmo muito.

Se eu não te amasse tanto assim


Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
 
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Os lobos

Um menino foi ter com o seu avô e contou-lhe o quanto estava zangado com o seu amigo. O avô sentou-o no seu colo e calmamente falou com ele:

“Sabes eu também já me zanguei algumas vezes. Fiquei com raiva e até com odio por me terem magoado e não mostrarem qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas descobri que isso só me fazia mal a mim. O que eu sentia era uma coisa minha, dentro de mim, como se fosse um veneno que me estava a fazer mal mas não afetava os outros”

E continuou afalar com o seu neto:

“Às vezes é como se tivéssemos dois lobos dentro de nós. Um deles é bom e não nos magoa, vive em harmonia com todos ao redor. Este lobo só luta quando tem a certeza que é a única alternativa, e fá-lo de uma maneira correta.”

“ Mas também temos um lobo mau, cheio de raiva. Até as pequenas coisas o irritam e o deixam furioso. Zanga-se com todos e luta por qualquer coisa, muitas vezes até sem motivo.”

“Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de nós, porque ambos tentam dominar-nos!”

O menino muito espantado, pergunta ao avô como se consegue dominá-los e qual deles é o vencedor. O avô sorriu-lhe e respondeu-lhe:

“Vence sempre aquele que alimentamos”

“Quando estiveres com o teu amigo tenta perceber as razões dele. O odio não deve vencer as coisas boas que a vossa amizade te trás.” 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Apego vs Amor

“O apego é o oposto do amor.
O apego diz: ‘Eu quero que você me faça feliz.
O amor diz: ‘Eu quero que você seja feliz.”

(Jetsunma Tenzin Palmo)


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Vitória com sabor a fel


Há vitorias que nos deixam com sabor amargo na boca. Talvez porque sabemos que não são genuínas.

É triste que seja um juiz a dizer a um pai que tem que pagar pensão de alimentos, e que não seja o próprio que sinta que deve dar e o seu contributo para o bem-estar de uma criança. E pelo bem-estar refiro-me ás coisas fundamentais para a sua subsistência, não aos últimos gritos da tecnologia que os miúdos tanto apreciam.

Claro que nunca deixaria que nada faltasse à minha filha, tirava da boca para lhe dar se necessário fosse. E por meio de inumeras atribulações inesperadas e da saúde que me faltou quando não esperava, com esforço consegui dar a volta e manter-me à tona da água. No meio do desgosto ajudaram as inúmeras palavras de apoio de conhecidos e desconhecidos que se inteiravam do assunto.

O sabor amargo deve-se à certeza de que ocorreu um pagamento forçado e não de livre iniciativa… E sei que voltará a acontecer vezes e vezes sem conta se não tiver um travão definitivo da justiça. Há pessoas assim, não são capazes de abdicar dos prazeres mundanos que a vida oferece, mesmo que isso signifique que atrapalham a vida dos outros com as suas escolhas. E todos sabemos que as verdadeiras mudanças têm que vir de dentro, só assim não deixam sabor a fel.

Perdoem-me o desabafo. A tristeza das palavras que acabaram de ler. Mas infelizmente esta é a realidade de milhares de pessoas, e não tinha ideia de quantas passavam por situações destas até começar a ouvir as histórias, umas atrás das outras em que o cenário se repete.

Para todas as que passam por estes tormentos deixo um desejo- haja justiça! 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Em parte incerta


“Em parte incerta”, o novo filme do realizador David Fincher,  leva-nos numa viagem alucinante aos meandros perversos da mente humana e comprova vezes sem conta que nem tudo o que parece, é.

A não perder!

Raquetes e bolas

Outro dia tive uma conversa muito interessante com uma senhora já de certa idade sobre as relações entre os casais. Dizia-me ela “Menina, todas as relações são comparáveis a jogos de raquetes com bola. Temos é diferentes tipos de jogos:

No ténis vulgar por exemplo, os jogadores tentam conhecer o adversário o melhor possível, e tem como objetivo ser mais fortes do que o outro. Assim, ao lançarem uma bola focam-se essencialmente nos pontos fracos do outro de modo a conseguirem pontuar. 

Mas por exemplo um jogo de raquetes de praia o objetivo já é completamente diferente. As coisas correm bem quando a bola não cai e o jogo pode prosseguir. Ganham ambos se jogarem de modo a que o adversário possa apanhar a bola, ou perdem ambos se jogarem de modo a que passem o tempo a apanhar bolas.

As relações são mais ou menos assim. Só valem a pena quando ganham ambos. E numa relação saudável e compensadora deve olhar-se para os pontos fortes do outro e conjuga-los com os nossos.”

Para começar, adoro quando ainda me chamam menina :), mas acima de tudo gostei mesmo desta conversa que achei que contem muitas verdades. E vale a pena pensar que tipos de jogos jogamos…


Podia...

Podia ter tido aquela conversa. Podia ter saído mais cedo do emprego. Podia ter estado presente com os meus filhos. Podia ter treinado. Podia ter agarrado aquela oportunidade. Podia ter pensado em mim. Podia ter pensado primeiro naquela pessoa. Podia ter seguido a minha intuição. Os teus dias são a tua vida em miniatura. Não sabes se vais poder novamente, mas sabes que ao trocares o "podia" por "vou fazer", terás a oportunidade de experienciares a vida no teu dia. O que interessa o poder do julgamento dos outros? O que interessa realmente, é chegares ao final de cada dia e sentir que viveste aquilo que mais valorizas, a tua verdade.


(Mário Caetano)

domingo, 14 de setembro de 2014

Sailing


Sou da geração das festas de garagem.
E esta é uma das musicas que costumavamos ouvir sempre. Ainda agora uma das minhas melhores amigas diz que não consegue ouvir esta musica sem se lembrar desses tempos.

E porque recordar é viver… aqui fica.

Prevenção do suícidio

 

O passado dia 10 de setembro foi o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, por iniciativa da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Curiosamente nesse mesmo dia, tive conhecimento do caso de um homem que se despediu de várias pessoas dizendo que se ia matar e ninguém o deteve! Acabou por se mandar para a frente de um comboio tendo ficado todo desfeito. Era jovem, casado e tinha um filho ainda pequeno. À primeira vista dir-se-ia que tinha toda uma vida pela frente.

Que mundo é este em que ninguém ouve? Que mundo é este em que ficamos cegos para o sofrimento de quem nos rodeia?

Segundo dados da OMS, cerca de um milhão de pessoas suicida-se anualmente em todo o mundo, ou uma a cada 40 segundos. As taxas de suicídio subiram 60% nos últimos 50 anos e esse aumento foi especialmente significativo nos países em desenvolvimento.

Diversos estudos também mostram que o dia da semana em que ocorre mais suicídios é a 4ª feira (25%) , em comparação com os 14% que das segundas-feiras ou os 11% das quintas-feiras. Será o stress do trabalho e os problemas das rotinas do dia a dia que não se aguentam mais?

Claro que também acontecem chamadas de atenção e atos de chantagem emocional, “Vou tirar a minha vida se não fizeres o que eu quero…”. Eu própria já passei por uma situação em que a pessoa simulou que tinha tomado umas caixas de comprimidos. Confesso que abanei toda e vivi aterrorizada durante um tempo. Durante muito tempo tremia cada vez que chegava a casa com medo daquilo que poderia encontrar.

E são provavelmente estes atos de simulação loucos que levam as pessoas a ignorar os casos sérios de quem está mesmo no limite. Aqueles em que já nada interessa e que se acredita que a vida não tem nada mais para oferecer. E para estes, talvez uma palavra amiga e um pouco do nosso tempo possam fazer a diferença de uma vida.

Vale a pena pensar nisto.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A sky full of stars


'Cause you're a sky
You're a sky full of stars

Mais ou menos


Da lagarta para a borboleta


Às vezes cansamo-nos de esperar. Às vezes aquilo que achávamos importante deixa de fazer sentido por não acontecer num espaço de tempo que achávamos adequado. Às vezes temos expectativas que consideramos justas mesmo que toda a gente nos diga que o melhor é não se esperar nada.
Às vezes somos forçados a encarrar que há outros ângulos, outras visões, outros quereres e o que é normal para nós é esquisito para outros. Às vezes precisamos deixar seguir sem rótulos.
Às vezes precisamos morrer, matar aquilo que eramos para nascermos melhores, tal como as lagartas morrem para se tornarem borboletas.
E às vezes precisamos aceitar que os domingos são mesmo as bússolas das nossas vidas. Aquele dia sem horários em que temos a liberdade para escolher a companhia das pessoas e das coisas que nos preenchem a vida. E se faltam os fatores que nos aquecem a alma e nos alimentam o espirito algo não está bem.
Às vezes é preciso parar. Às vezes é preciso pensar. E às vezes é preciso desapegar, morrer, renascer e seguir em frente.

Viver em sociedade

Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser...

Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhecem; e a subjetiva…

Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!

Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser...

Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso?

Que desafio, hein?"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..."


(Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector)

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Não esperes por uma crise


Estava de férias, desligada do mundo e arredores quando recebi um telefonema a dizer-me que uma pessoa que muito admiro estava doente e em perigo de vida. Tinha estado com ela há poucas semanas e estava de perfeita saúde pelo que a situação me deixou completamente surpreendida. Pelo que vim a saber nos dias seguintes apanhou um vírus, uma situação banalíssima, que evoluiu de forma galopante para uma quadro clinico mais grave. Durante vários dias temi pela sua vida. Felizmente soube ontem que está a melhorar e o quadro clinico já é mais animador.

Esta situação mostrou-me mais uma vez o quanto a vida é precária. A verdade é que nunca sabemos se vamos estar no fim deste dia como estamos agora. Isto dito assim parece catastrófico, mas se pensarmos bem não decidimos quando e como vamos morrer.

Mas podemos decidir como vamos viver. Esse é o grande presente que nos é dado. E como disse o António Feio numa das suas frases emblemáticas "Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer”.

Por vezes até temos segundas hipóteses, podemos voltar a tentar alcançar os nossos sonhos e lutar por eles, dizer aos outros o quanto são importantes para nós, e acrescentar vida aos nossos dias. Mas nunca poderemos voltar atrás no tempo. Nunca poderemos viver o mesmo dia duas vezes.

Por isso não esperes por uma crise para descobrir o que é importante para ti. Não esperes por um crise para fazeres as coisas que andas adiar. E não esperes por uma crise para dizeres a alguém as coisas que gostavas de dizer.

Momentos


A viagem dos 100 passos



A viagem dos 100 passos é uma caminhada pelos sentidos. Uma história sobre gastronomia, paixão e interculturalidade onde impera a rivalidade entre a subtileza e a ousadia. Um filme que dá àgua na boca e aquece o coração, com os condimentos certos na justa medida. E o melhor? Mostrar que o que vale mesmo a pena são aquelas razões que nos levam para os locais onde verdadeiramente pertencemos...


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Obrigado Susana


Estavam milhares de pessoas no local, tudo a procurar um local onde conseguissem ver o grande artista da noite. A luz já estava meio ténue começando a ser visíveis as primeiras estrelas no céu.

De repente uma senhora pergunta-me “És a Regina?” Espanto, surpresa, e um esforço gigante para reconhecer a pessoa que me abordava, mas sem sucesso. Acabo por responder “Sim sou, mas desculpe não estou a reconhece-la”.

“Sou a Susana do lar”. Mais espanto! Mais surpresa! Passaram-se 18 anos desde a ultima vez que nos vimos. “A Susana da secretaria?” pergunto.  “ Sim, eu mesmo, mas já lá não estou… aquela gerência…” E não foi preciso dizer mais. Vi-me num enorme flashback onde recordei os poucos meses onde trabalhei num lar de idosos, das atividades que promovi, das iniciativas que tomei, as exposições que realizei, das tardes de dança e dos passeios pelo parque…  e do quanto a Susana me apoiou para levar aquele grupo de pessoas que estavam há meses, talvez anos, fechados naquele espaço,  num passeio a Fátima com direito a pic-nic e tudo.

Lembrei-me também da forma como saí desse lar, uma discussão acalorada com a gerência porque não concordava com a forma como as pessoas eram tratadas. Fui despedida. Na altura fiquei sem trabalho e sem rendimentos, mas não abdiquei das minhas convicções e daquilo em que acreditava.

Mas parece que o pouco tempo que por ali passei deixou a sua marca, suficientemente forte para me reconhecerem tantos anos depois num local inusitado.

Talvez valha mesmo a pena lutarmos pelas coisas em que acreditamos e por vezes pequenos nadas fazem a diferença. Obrigado Susana por me fazeres recordar isso.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cada lugar teu


Esta é uma das músicas da Mafalda Veiga de que mais gosto.

Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei
 
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
 
Eu Vou guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar
 
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só
 
Eu Vou guardar cada lugar teu
Atado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Amar é arriscar


O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo.

A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortável.

Amar é dar a vida a um outro. A sua. A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.

Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos.

De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de mãos abertas. Sim... porque, ainda além de tudo o que aqui existe, há um mundo onde vivem para sempre todos os que ousaram amar...


(José Luís Nunes Martins, in Filosofias - 79 Reflexões)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Momentos felizes



Hoje em conversa com uma amiga ela contava-me que tinha perdido a totalidade de um trabalho que tinha demorado imenso tempo a fazer e que teve que refazer tudo de novo. Também me disse que se “arrepelou toda” durante uns momentos mas que depois pensou que tragédias são as coisas como as que aconteceram à Júdite Sousa com a morte inesperada do filho. E assim, pôs-se novamente a trabalhar e a 2ª versão até ficou melhor. Foi uma conversa simples, mas que de alguma forma me deixou a pensar na vida.
Ao longo da minha vida eu própria já desci ao inferno algumas vezes, já vivi tragédias, já perdi pessoas muito preciosas para mim. Mas, apesar de toda a dor, de todo o sofrimento, foi um privilégio ter tido oportunidade de as conhecer, de terem partilhado as suas vidas comigo e de terem deixado em mim partes de si que ainda hoje carrego.  
E enquanto conduzia com o automático mental ligado dei por mim a pensar que me sentia feliz numa demonstração de paz e serenidade que há muito tempo não sentia. Aquela coisa que sentimos dentro de nós, tão nossa…
Não me aconteceu nenhum milagre, os problemas não se evaporaram, o trabalho não melhorou (pelo contrario o dia hoje começou muito mal), na vida pessoal não aconteceu nada de especial e até faltaram elementos importantes, e as finanças continuam a desgraça habitual a condizer com a crise.
Mas no meio deste cenário dei por mim a pensar na sorte que tenho, e em todas as coisas boas que fazem a minha vida valer a pena. Sabem aquela sensação de termos o coração tão cheio que até nos momentos de solidão nos sentimos acompanhados e abençoados? Para mim são momentos raros, mas sem dúvida que quase mágicos.
E num atropelo de sentimentos fui-me lembrando do Pensamento de um dos meus autores preferidos, o Carlos Drummond de Andrade:
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.”
 
 
Talvez tenha sido somente um momento, mas a vida é feita de momentos. E este foi na mais plena simplicidade um momento de felicidade intenso e um ataque de otimismo raro que vou registar para reler nos dias em que andar em baixo.
E vocês… Vejam as coisas boas que têm, sejam felizes!